O Campo Grande News encontrou mais uma vítima do ataque de peixes da Praia da Figueira neste ano. A mulher identificada apenas como Jaqueline, de 53 anos, mora em Bento Gonçalves (RS) e estava de férias com a família em Bonito, quando o caso ocorreu. Em um depoimento emocionante, ela relatou a experiência angustiante que teve. No dia 29 de janeiro, a família decidiu visitar a Praia da Figueira, famosa por sua lagoa que simula uma praia. Ao chegar no local, Jaqueline se dirigiu até o “bar molhado” da praia, onde foi oferecido um cardápio com bebidas e comidas. Com um drink na mão, ela se sentou para relaxar, sem qualquer aviso sobre os perigos dos tambaquis presentes na lagoa. Enquanto observava os peixes, Jaqueline conta que sentiu uma leve bicada no pé, mas não deu importância, acreditando que os peixes eram inofensivos. Porém, logo após, um dos tambaquis, com cerca de 50 cm de comprimento, agarrou seu dedo e causou um ferimento grave. “Ele comeu seu dedo”, disse seu marido,ao ver a cena. A vítima foi imediatamente encaminhada para o hospital, onde foi atendida rapidamente. Ela passou por exames, e o diagnóstico foi severo: perdeu a falange do dedo, que precisou ser amputada. Além disso, Jaqueline sofreu grande sofrimento devido à dificuldade de aplicar a anestesia durante o procedimento. O atendimento no hospital foi satisfatório, mas Jaqueline não esquece o trauma. A dor continua a afetá-la, tanto física quanto emocionalmente. “A sensação até hoje é terrível. Qualquer atividade que eu vá fazer, meu dedo fica muito sensível, e se eu for fazer algo, tenho que fazer devagar”, conta. Jaqueline também revela que, devido ao incidente, precisou se afastar do trabalho, e procurou ajuda de profissionais de saúde mental para lidar com o ocorrido. A falta de informações sobre os peixes, como o risco que eles representam e a ausência de alertas claros para os turistas, é um dos pontos principais de sua crítica. “Não havia nenhum aviso sobre os peixes serem agressivos ou sobre as normas de segurança. Eu estava com esmalte na unha e não sabia que isso poderia atrair os peixes”, explica Jaqueline. Após o incidente, a gaúcha afirma que não foi procurada pelo seguro do atrativo. “Não houve preocupação com o que aconteceu e o seguro nunca entrou em contato para cobrir as despesas médicas”, lamenta. A reparação de sua lesão resultará em uma prótese de dedo, que custará entre R$ 5,5 mil e R$ 8 mil, além dos custos com deslocamento até São Paulo para o procedimento. Ela acrescenta que já passou por um câncer de mama, mas nunca teve tanta vergonha como agora com a mão sem o dedo. “Já tive processo de mutilação grande, por conta de um câncer de mama. Mas nada comparado com o que vivo agora. Me incomodo mais o dedo, porque é aparente. Perdi a habilidade até de cozinhar. Tudo machuca”. Jaqueline reforça que não deseja que os peixes sejam mortos, mas que os responsáveis pelo local tomem medidas para garantir a segurança dos turistas. “Os peixes deveriam ser removidos de lá e colocados em seu habitat natural. Não podemos permitir que isso aconteça com crianças ou idosos”, alerta. Outros casos – O incidente de Jaqueline não é um caso isolado. De acordo com as autoridades locais, a Praia da Figueira registrou vários ataques de tambaquis a turistas, resultando em amputações e suturas, e a Prefeitura de Bonito acionou o governo estadual para revisar a segurança nos atrativos turísticos. A lagoa da Praia da Figueira, onde ocorreram os ataques, foi fechada na última quarta-feira (26) para manutenção, mas o restante do local foi liberado hoje para estar funcionamento. O Ministério Público investiga o desvio ilegal de água do Rio Formoso pela operação do atrativo e a liberação de peixes exóticos, como os tambaquis, fora de seu habitat natural, o que pode configurar um crime ambiental. “Isso era para ser uma viagem inesquecível, mas se transformou em um pesadelo. Sonho com o peixe até hoje. Eu lembro dele”, finaliza Jaqueline, que agora prepara um processo contra os responsáveis pela falta de segurança, com ênfase na necessidade urgente de alertar os turistas sobre os riscos e de remover os peixes da lagoa. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .