Certa ocasião, a jovem Jerônima, de 16 anos, foi passar uma temporada na fazenda de Manoel da Costa Lima, o homem reconhecido como o mais importante construtor de estradas no Mato Grosso do Sul. Nessa fazenda, Jerônima encontrou-se com a prima Rogaciana. Enquanto os homens trabalhavam no campo, elas estavam sozinhas quando ouviram um barulho estranho. Era o de indígenas que gritavam e, ao mesmo tempo, imitavam a voz dos boiadeiros tocando o gado, por meio de assobios e o canto de pássaros. Nunca matar! Apavoradas, mais do que depressa, trataram de pegar as carabinas, mas, segundo o lema de Manoel da Costa Lima, sabiam que só poderiam “atirar para espantar, nunca matar”. As duas, porém, não sabiam atirar. Tremiam de medo. Uma, postou-se à porta da entrada da frente, e a outra, a da cozinha. Os índios, munidos de flechas incendiárias e de porretes, já se preparavam para atacar. Eis que, surge um jovem vindo da região onde hoje é Bataguassu. Ao dar-se conta do perigo que elas corriam, atirou para o alto, espantando os indígenas. Nunca ocorreu matança nas fazendas de Manoel da Costa Lima, o primeiro pacificador do Mato Grosso do Sul. Essa história é datada de aproximadamente 1.900. Uma história entre cruzada com a do Marechal Rondon. Cândido Mariano Rondon, o autor de uma famosa frase (“morrer se preciso for, matar, nunca”), semelhante à de Costa Lima, nasceu em Santo Antônio de Leverger, no vizinho Mato Grosso. Em 1.890, Rondon partiu para sua primeira grande missão no exército. Faria parte de uma comissão de engenharia criada com o intuito de construir uma linha telegráfica que unisse Cuiabá a Goiás. A expedição era comandada pelo major Gomes Carneiro, um importante personagem esquecido pela história. Com Gomes Carneiro, Rondon aprendeu as habilidades para se tornar um sertanista, a construir redes telegráficas e, especialmente, a lição que levaria por toda sua vida e lhe traria fama: manter contato pacifico com os índios, nunca revidar seus ataques. O mais famoso foi o ataque realizado pelo ñhambiquaras, ocorrido por volta de 1.907, quando Rondon não só mandou retroceder a comitiva como proferiu a fase que o tornaria um herói. Manoel da Costa Lima guarda algumas semelhanças históricas. Além de defender os indígenas, foi a primeira pessoa a instalar linhas telefônicas em nosso Estado. Eram apenas 30 telefones.