Corumbá e Ladário lideram o ranking de fraudes no sistema de distribuição de água entre os 68 municípios atendidos pela Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul). As irregularidades são recorrentes e ocorrem não apenas em residências de alto e baixo padrão, mas em estabelecimentos comerciais, hotéis, escolas, lava jatos, casas de eventos, clubes sociais e templos religiosos. Em Corumbá, estima-se que o índice de perda da água produzida chega a 70% e a principal causa (60%) é a fraude, que ocorre por meio de várias modalidades. O roubo de água potável na região também compromete o abastecimento em áreas onde ocorre a irregularidade, com interrupção do fornecimento por baixa pressão, além de vazamentos e contaminação (ligações clandestinas com rede de esgoto). “É uma rotina diária”, afirmou o gerente regional da Sanesul, Diogo Fernandes Gaeta, ao concluir mais uma operação de combate a fraude, em conjunto com a Polícia Civil, onde foi descoberto um novo método para burlar o sistema: o “gato comunitário”. Nessa ação, realizada ontem (24), o furto de água beneficiava uma rede de pelo menos 50 residências situadas em uma alameda no bairro Popular Nova. Furto de energia Por meio de denúncia, técnicos da Sanesul e a polícia (agentes e peritos) constataram o esquema, que consistia na instalação de uma bomba com capacidade de sucção de 2,4m³/h, acoplada clandestinamente na rede de distribuição e ramais interligados com as residências. O equipamento foi instalado em uma área de mata fechada e desviava 405 mil litros de água por semana, estima a Sanesul. “Convivemos todos os dias com essas situações, que comprometem o nosso sistema de abastecimento, elevam as perdas e geram inúmeros transtornos, além de impactar a tarifa de quem realmente paga pelo serviço”, relatou o gerente. Gaeta disse que a empresa tem intensificado o combate às fraudes. O apoio das forças de segurança público, segundo ele, tem contribuído para detectar o roubo de água, em cujas ações anteriores os funcionários da Sanesul foram ameaçados ou impedidos de entrar nos imóveis. A presença da polícia também facilita a elaboração dos boletins de ocorrência e a notificação de moradores. Tarifa social “Neste caso constatado na Popular Nova, os infratores também roubavam energia do poste para funcionar a bomba”, comentou Diogo. “Em algumas situações, foi verificado que existe um agenciador dessa fraude, que cobra uma taxa mensal do morador, em torno de 50 reais. São pessoas que têm conhecimento técnico de hidráulica e eletricidade, o que está sendo também investigado.” O gerente regional informou que os moradores notificados preferem insistir na fraude do que procurar se regularizar na empresa, que oferece o benefício da tarifa social para famílias de baixa renda. A Sanesul também adotou um programa para regularizar áreas invadidas, onde são construídas muretas com hidrômetros para atender a comunidade, com isenção da tarifa de implantação do sistema.