É bem provável que você tenha presenciado, ou socorrido, alguém sofrendo com um pedaço de comida preso na garganta. Hoje em dia, engasgar é a terceira causa de morte no lar. Comparados com qualquer animal, nossa pressa para comer nos faz vítimas de um acidente inesperado. O risco de morrer pelo corte da respiração – literalmente – é próprio de nossos tempos onde tudo tem de ser feito velozmente. Mudanças anatômicas para falar. Se nos tempos atuais a velocidade nos tornou mais suscetíveis a um engasgo, a história desses acidentes é bem mais antiga. A razão de alguém engasgar está relacionada com as mudanças em nossa garganta que nos permitiram articular os complexos sons da fala e, portanto, converter-nos em comunicadores orais tão expressivos. Durante a evolução da nossa espécie, a laringe passou a ocupar uma posição mais elevada no pescoço e modificou sua estrutura para adquirir um maior controle sobre a geração de sons. Comida presa na traqueia. Em todos os mamíferos, os dutos para respirar e comer compartilham um curto pedaço do mesmo tubo, com uma pequena lingueta, a epiglote, que atua como uma tampinha para fechar a traqueia quando comemos. Não obstante, a reconfiguração para cima da garganta humana aumentou as possibilidades de que um pedaço de comida fique preso na traqueia. E quando fica presa, leva perigo de cair nos pulmões. Defeitos do desenho básico do corpo humano. Desde os primórdios, portanto, carregamos o perigo de engasgar em nosso corpo. A velocidade dos tempos atuais nos tornou mais suscetíveis a esse perigo. Mas esse é só um de uma série de defeitos do desenho básico do corpo humano. Evoluímos para andar erguidos, mas essa postura submete aos joelhos a uma pressão enorme e a maioria acaba padecendo de dor nas costas em algum momento da vida. As articulações de nossas munhecas e joelhos conservam ossos vestigiais – aqueles que poderiam ter desaparecido – inúteis que limitam o movimento e nos tornam propensos a entorses e distensões. E, ainda mais incrível, temos músculos que já não cumprem função alguma.