Os anos 1940, uma época de chapéus elegantes, fumaça de cigarro em bares enfumaçados e detetives particulares durões que sempre têm uma resposta sarcástica na ponta da língua. NoseBound tenta capturar essa essência noir, jogando você no papel de Ray Hammond, um investigador particular que, aparentemente, atrai mais problemas do que uma lâmpada atrai mariposas. Mas será que este jogo consegue equilibrar o charme do noir com uma narrativa coesa, ou acaba tropeçando nos próprios mistérios que cria?
História: De Caso Simples a Enredo Digno de David Lynch
Tudo começa de forma bastante tradicional: uma ligação no meio da noite, uma esposa desaparecida e um marido desesperado. Parece o começo de qualquer filme noir clássico, certo? Mas não se engane. O que começa como uma investigação rotineira rapidamente descamba para um território surreal, envolvendo cultos misteriosos, eventos sobrenaturais e uma trama que faz Twin Peaks parecer um documentário sobre a vida selvagem.
Ray Hammond, nosso protagonista de 66 anos e 1,91m de altura, é o típico detetive durão com um passado nebuloso. Ele navega por Deep Sleep City, uma versão fictícia de Nova York, encontrando personagens que parecem saídos de um pesadelo febril. E, acredite, alguns deles soam tão caricatos que você pode se pegar rindo em momentos que deveriam ser tensos.
Jogabilidade: Point & Click com Toques de Ação
NoseBound segue a fórmula clássica dos jogos de apontar e clicar. Você coleta itens, resolve puzzles e interroga personagens para avançar na trama. Até aí, nada de novo sob o sol noir. No entanto, o jogo tenta apimentar as coisas introduzindo sequências de ação onde você pode, pasme, morrer se não agir rápido o suficiente. Então, além de decifrar enigmas, prepare-se para sacar sua arma e correr por corredores escuros enquanto um vilão aparentemente imortal o persegue.
Os puzzles variam de combinações de itens a decifração de códigos. Embora alguns sejam satisfatoriamente desafiadores, outros são tão explicados que você se sentirá mais como um espectador do que um detetive brilhante. E, claro, há o clássico conserto de caixa de fusíveis, porque nenhum jogo de aventura estaria completo sem ele.
Ambientação: Noir com Toques de Cor
Visualmente, o jogo adota uma estética monocromática com ocasionais toques de cor para destacar elementos importantes, como sinais de néon ou chamas de velas. Essa escolha estilística cria uma atmosfera envolvente, repleta de detalhes como fumaça de cigarro pairando no ar e sombras que parecem esconder segredos sombrios.
No entanto, nem tudo são rosas (ou tons de cinza). A animação de Ray ao caminhar é, no mínimo, peculiar. Ele desliza pelo cenário como se estivesse constantemente prestes a escorregar em uma casca de banana invisível, o que pode quebrar a imersão para alguns jogadores.
Trilha Sonora e Dublagem: Entre o Brilhante e o Bizarro
A música jazzística e sombria complementa perfeitamente a atmosfera noir, evocando imagens de becos escuros e bares enfumaçados. No entanto, a dublagem é um verdadeiro tiro no escuro. Enquanto Ray soa exatamente como você esperaria de um detetive endurecido pela vida, outros personagens masculinos parecem estar fazendo audições para dublar ursos em desenhos animados. As vozes são tão exageradas que é difícil levá-las a sério, transformando momentos que deveriam ser tensos em cenas involuntariamente cômicas.
Comparações: Entre Clássicos e Novidades
Se NoseBound fosse um coquetel, seria uma mistura de Grim Fandango com Max Payne, servido em um copo decorado com símbolos ocultistas. Ele tenta capturar a essência dos clássicos jogos de aventura noir, adicionando elementos sobrenaturais que lembram as reviravoltas bizarras de Alan Wake. No entanto, ao contrário desses títulos, NoseBound às vezes parece tropeçar em sua própria ambição, entregando uma experiência que oscila entre o intrigante e o confuso.
Prós e Contras
Prós:
- Atmosfera imersiva e opressiva.
- Narrativa intrigante com temas de ética científica.
- Exploração não linear que incentiva a rejogabilidade.
- Combate estratégico que exige precisão.
Contras:
- Dificuldade punitiva para alguns jogadores.
- Inteligência artificial inconsistente.
- Possível repetitividade em certas seções.
- Não tem localização em português
Nota Final: 8/10
NoseBound é uma experiência que certamente atrairá fãs de histórias noir e mistérios sobrenaturais. Sua atmosfera cuidadosamente construída e narrativa intrigante são pontos fortes que merecem reconhecimento. No entanto, os problemas técnicos e a linearidade podem frustrar jogadores que buscam uma experiência mais polida e interativa. Se você está disposto a relevar essas falhas em prol de uma história envolvente, NoseBound pode ser uma adição valiosa à sua coleção de jogos de aventura.
Prós e Contras
Prós:
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Atmosfera noir envolvente com estética visual marcante.
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Narrativa intrigante que mistura mistério e elementos sobrenaturais.
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Trilha sonora jazzística que complementa perfeitamente o ambiente.
Contras:
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Problemas técnicos, incluindo animações estranhas e inconsistências de áudio.
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Linearidade que limita a exploração e a interatividade.
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Dublagem inconsistente, com vozes secundárias exageradas que podem quebrar a imersão.
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