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Acha caro? Então tenta trançar um cabelo por quase 5 horas sozinho (a)

A cena se repete todos os dias no estúdio de tranças de Albertina Bravo, a Tininha, e da sócia, Alexsandra Oliveira. O cliente senta, escolhe o modelo, tamanho e a cor das novas madeixas para mudar o visual. Logo depois, começa o ritual: fio por fio, puxado com precisão, paciência e muita resistência física. O tempo? No mínimo quatro horas, se for uma trança box braid simples. Se o cliente for dos mais exigentes, as horas aumentam e podem chegar até  a um dia inteiro. O trabalho de uma trancista exige técnica, agilidade e requer um ‘baita’ esforço físico das profissionais. E mesmo com todo empenho envolvido, um detalhe curioso (e irritante) se repete nos salões: sempre tem alguém achando caro e querendo por preço no trabalho alheio. “Teve uma cliente que chegou aqui querendo uma trança até o quadril e falou: ‘Só tenho R$ 120, vai fazer ou não? É pegar ou largar’, conta Alexsandra. O problema é que a galera esquece, ou finge que não sabe, o que está por trás do preço. “Não é só o cabelo e pronto. Tem a cera , pente, latex para amarrar, cortador, luz, água, ar-condicionado, cafézinho… Tem a gente também, que passa horas aqui puxando cada mecha”, lembra. E o trabalho diário tem consequências. “Os dedos doem, mas as pernas é o que a gente mais sente porque fica de pé o dia todo. Já teve dia da gente fica 12 horas sem parar”, descreve Tininha.  Diferente de um salão de beleza tradicional, onde um cabeleireiro consegue fazer várias escovas por dia, por exemplo, as trancistas atendem uma média de apenas quatro pessoas por dia em razão da complexidade do serviço. São dois clientes pela manhã e outros dois à tarde. E o dinheiro do mês depende disso! De Angola para Campo Grande – Tininha veio da Angola para Campo Grande em 1989. Lá, cresceu vendo as mulheres da família trançando o cabelo umas das outras e sempre trocando de visual. “Lá é cultural. Desde criança a gente aprende. Muda o penteado toda semana”, conta.  Aqui, Tininha começou como ajudante em um salão e em 2017, decidiu empreender e abrir o próprio negócio. Até hoje, trabalha em sociedade com a Alexsandra, que também começou cedo, aos 12 anos, como auxiliar da tia que atendia mulheres da Comunidade Tia Eva. Em anos trabalhando na área, as trancistas acompanharam de perto o surgimento de diferentes estilos e tendências, mas, um dos pontos altos no universo das tranças, foi notar que as novelas agiram positivamente para a normalização e aceitação dos penteados que são parte da cultura negra.  Agora, o salão recebe de tudo: adolescentes querendo trança colorida, adultos buscando praticidade e homens aderindo ao estilo. As tranças box braid são o carro-chefe do salão, que também faz dreads, tranças nagô, boxeadoras, rastafaris e até mega hair. Os valores variam. Depende do tipo da trança, do tamanho, da fibra usada. Mas o serviço, geralmente, começa em R$ 120 e pode chegar até a R$ 600 ou mais. “Tem quem reclama do preço, vai em outro lugar, vê que é ainda mais caro e acaba voltando aqui”, diz Alexsandra. E a reportagem do Lado B  encarou o desafio. Com as duas profissionais empenhadas no penteado, foram necessárias quatro horas até o resultado final. Trabalho intenso, com apenas pequenas pausas para esticar a coluna e ir ao banheiro. E se foi cansativo para o repórter sentado, imagina para quem fez todo o processo em pé e fazendo repetidos movimentos com as mãos?  “É um trabalho cansativo e em algumas situações a gente se sente desvalorizada porque muita gente quer por preço no nosso trabalho. Mas a gente insiste no nosso valor”, desabafa Alexsandra. A dupla até entende que dinheiro não está fácil para ninguém, mas reforça: o que elas fazem não é apenas um serviço, é um ofício. “É nosso esforço envolvido”, finaliza Alexsandra. Então, antes de pedir desconto, fica a dica: tenta ficar quatro horas de pé, às vezes cinco, puxando fio por fio, sem errar o traço, sem arrebentar o cabelo, e depois fale de preço. O Stúdio Tininha e Alê fica na Rua 7 de Setembro, 496, no Centro de Campo Grande. Siga o Lado B  no  WhatsApp , um canal para quebrar a rotina do jornalismo de MS! Clique aqui para acessar o canal do Lado B e siga nossas redes sociais .

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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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