Após ser utilizada para lavar ou dar descarga, a água de cada residência percorre um longo caminho até completar seu ciclo e ser devolvida à natureza. Durante esse percurso, o esgoto da Capital carrega desde resíduos comuns até objetos inusitados, como cabras inteiras. Plásticos, tecidos, absorventes e preservativos são materiais que deveriam ser descartados corretamente ou encaminhados para reciclagem. No entanto, todos os dias, esses itens chegam aos filtros das estações elevatórias de esgoto. Além disso, terra, óleo e até animais fazem parte da lista de resíduos encontrados na rede coletora. Assim que entra nas tubulações, o esgoto passa por estações elevatórias, onde encontra as primeiras grades de contenção. O coordenador de esgotamento sanitário da Águas Guariroba, Renato Villalba, explica que, nesse ponto, também é feito o bombeamento até uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto). No ano de 2024, foram retiradas aproximadamente 650 toneladas de materiais irregulares da rede coletora de esgoto. Comparado ao ano anterior, houve uma redução de 20%. Por isso, reforçamos a importância de todos utilizarem a rede corretamente”, afirma Renato. Os impactos do descarte irregular podem ser percebidos em diversas regiões da cidade, especialmente em dias de chuva, quando ocorrem vazamentos de esgoto. Todos os meses, cerca de 500 manutenções são realizadas para desobstrução e limpeza da rede. Para auxiliar na retenção dos resíduos, a concessionária conta com diversas grades instaladas em pontos estratégicos de Campo Grande. O esgoto do Nova Lima, por exemplo, passa por cinco filtros antes de chegar à estação de tratamento. Mesmo com as barreiras de contenção, cerca de cinco toneladas de resíduos pequenos, como folhas e plásticos, são retiradas semanalmente da ETE Los Angeles, a maior estação de tratamento da cidade. Ela recebe o esgoto de 90% dos bairros da Capital. Após essa filtragem inicial, o líquido segue para o desarenador. “A função desse processo é remover resíduos sólidos grosseiros e areia. Em seguida, o esgoto vai para os reatores, onde ocorre a digestão da matéria orgânica”, explica Renato. Essa fase acontece em 12 reatores e dura cerca de oito horas. O processo ocorre em tanques fechados, pois a bactéria responsável por consumir a matéria orgânica não pode ter contato com o oxigênio. “Por fim, ocorre o ‘polimento’ do esgoto, etapa em que são adicionados produtos químicos para aprimorar o tratamento. Em seguida, o esgoto tratado é devolvido à natureza, completando o ciclo da água”, finaliza Renato. Na ETE Los Angeles, são tratados mais de 93,3 milhões de litros de esgoto diariamente – o equivalente a 1.080 litros por segundo. Já na segunda maior estação da Capital, localizada no Imbirussu, a capacidade de tratamento é de 120 litros por segundo. Após a finalização de todo o processo, a água tratada percorre vários quilômetros até ser devolvida ao Rio Anhanduí, encerrando um ciclo e iniciando outro na natureza. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
De fralda a cabra: tudo que vai pelo ralo é filtrado e água chega pura a rios
