A salgadeira Grace Kelly Costa, 30 anos, aponta para a grande cratera onde há amontoado de galhos, lama, pneu, móveis e restos de material de construção. Até ontem, era terreno acidentado, em que três barracos de vizinhos da área conhecida como Favelinha do Guaicurus moravam. Mas a chuva torrencial mudou a geografia local. “Quando começou, a chuva estava devagar, água estava descendo, mas estava fraca”, lembrou Grace. Depois, a enxurrada começou a ganhar força. “Desceu muito forte, uma água vermelha, com barro, com lama, com pedra, com lixo, com tudo, entrando dentro de casa”, relatou. Dos seis filhos (com idade de 15, 12, 9, 6 e gêmeas de 3 anos), três estavam com ela quando a chuva apertou. “Saímos na hora que começou, porque a gente já conhece; não pensei em mais nada, só pegar as crianças e sair”, contou a salgadeira. Na favelinha, até ontem, 12 barracos dividiam o espaço no terreno, às margens da Avenida Guaicurus, que dá nome “residencial” improvisado. A enxurrada levou três deles, desabrigando as famílias que recorreram aos parentes e não estavam no local esta manhã. Nos barracos que sobraram, a água entrou e provocou estragos. “A água chegou na altura da cama, ficou na metade do colchão” diz Greice. A salgadeira ainda perdeu o fogão, que também ficou alagado. A casa de três cômodos, feita de alvenaria, resistiu, mas parte do telhado, feito de lona e telhas, foi levado. Por conta dos estragos, ela e os filhos dormiram na casa dos vizinhos. Hoje, a manhã foi de trabalho, na tentativa de tirar o barro de dentro dos imóveis precários e recuperar o que foi destruído. Os moradores da favelinha também tinham comprado canos para retomar o abastecimento de água, construído de forma improvisada. No barraco da catadora de material reciclável Maria Gilberta Cristaldo, 40 anos, a água atingiu o armário onde ela guardava os mantimentos. “Perdi a comida que ganhei semana passada”, lamentou. Maria diz que já passou por problemas por conta da chuva, mas diz que essa foi a pior. “É muito desespero, estou muito preocupada, mas fazer o que? Estamos sem rumo e sem destino, não tem outro jeito”. Até esta manhã, as famílias não tinham recebido qualquer visita da prefeitura de Campo Grande. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
Após chuva, cratera com entulhos tomou lugar de 3 barracos: “Estamos sem rumo”
