A doméstica Angélica Jennifer Ferreira, 27 anos, voltava para casa com saco de pães para o café da manhã dos três filhos quando viu carro da Sead (Secretaria Estadual de Assistência Social e dos Direitos Humanos) na rua de casa, no Bairro Los Angeles. “Nossa, podia ser eu”, pensou, desejando ser o alvo da visita da equipe. Ficou surpresa ao descobrir que era ela quem eles procuravam. Angélica é uma das 17 mil pessoas “invisíveis” em Mato Grosso do Sul e que estão sendo rastreadas por agentes do Programa Mais Social, projeto destinado a quem vive na extrema pobreza e vulnerabilidade social. A busca ativa começou a ser realizada hoje, começando no Los Angeles. São pessoas foram do radar dos programas sociais, mas que apresentam as condições para recebimento do benefício. O objetivo é fazer, por meio da busca ativa, o cadastramento para que eles tenham acesso aos R$ 450,00 do Mais Social, além de possibilitar a inserção em outros programas assistenciais. Os “invisíveis” foram mapeados a partir do cruzamento de dados do CadÚnico com pesquisa da Segen (Secretaria-Executiva de Gestão Estratégica e Municipalismo) e sistema de georreferenciamento. Agora, as equipes vão às ruas, em todo Estado, para cadastrá-los. Para Angélica, a ajuda não poderia ter chegado em melhor hora. Doméstica, mãe de três filhos de 5, 4 e 2 anos, está grávida de 8 meses. Diz que nunca pegou auxílio, não sendo beneficiária de qualquer programa. “Deus ouviu minhas preces, vai me ajudar muito”, contou Angélica. Antes, até fazia diária, mas, com avanço da gestação, não conseguiu manter o trabalho e está sem renda. O pai das crianças ajuda esporadicamente. “Um saco de arroz, uma roupa, quando dá”. No mesmo terreno onde ela mora, também há outro imóvel, igualmente simples, onde reside a mãe dela, Leidiana Aparecida Ferreira, 42 anos. Desempregada, conta que recebia Bolsa Família, mas que o benefício foi cortado durante a pandemia da Covid-19. Em tratamento por depressão, não conseguiu buscar o motivo da suspensão do recurso. “Não sei o que aconteceu, faz muita falta, não consegui ir atrás”, contou, chorando. Leidiana diz que o dinheiro irá ajudar na compra do medicamento contra depressão, que não faz parte da lista da Farmácia Popular. “Foi coisa de Deus eles virem aqui hoje, é melhor notícia que eu pude receber; eu estava bem triste quando eles chegaram, vocês nem imaginam, para mim foi muito bom”, disse. “Se eu for receber os R$ 450, vai ajudar muito, estou muito feliz”. A técnica do Mais Social, Valéria Escobar, explicou que as duas se encaixam no perfil procurado na busca ativa. Para verificar essas condições, as equipes fazem entrevista social com os listados no levantamento inicial. Entre os questionamentos, se algum morador da casa trabalha, se recebe algum benefício e quais os gastos mensais. Também pedem os dados para que sejam compartilhados para inclusão na Funtrab (Fundação do Trabalho) para que possam participar de cursos ou entrar no cadastro de busca por emprego. Outra que também deve conseguir o benefício é a dona de casa Maria Givonice Freire, 47 anos. A dona de casa tem dois filhos de 15 e 10 anos e arca sozinha com as contas da família. Lista os R$ 300 de consumo de água e R$ 70 de energia. “Espero que dê certo, não sabia que tinha direito”. A assistente social Neemia Camargo, diz que ela pode ser enquadrada no Energia Zero e a adolescente, no MS Supera, destinado a estudantes do ensino médio, com pagamento de um salário mínimo. Andressa Farias, superintendente do programa Mais Social da Sead, diz que a meta das seis equipes de Campo Grande é fazer de 50 a 80 visitas por dia. No interior do Estado, a previsão é que sejam 25 visitas diárias. Todos os servidores utilizam tablet, além de colete e crachá com identificação, uma forma de evitar fraudes. Caso a pessoa não seja encontrada em casa, a equipe deixará um aviso para que ela procure a sede do Programa Mais Social, na Vila Sobrinho, para passar pela entrevista social e fazer a inserção no benefício. “Muitas vezes, eles não sabem nem quem tem direito ou que programa existe”, diz Andressa. Segundo ela, o índice das pessoas enquadradas na extrema vulnerabilidade tem caído. Em 2022, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2,7% da população de MS se enquadrava no perfil e, atualmente, foi para 2%. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .