No primeiro dia de Carnaval na Esplanada Ferroviária, um grupo de dez pessoas com caixas térmicas chamou a atenção de quem passava pela esquina da Mato Grosso com a Calógeras. Mas, em vez de cerveja, o que havia dentro delas era água mineral gelada. Meninos seguravam cartazes com frases curiosas: “Posso orar por você?” e “Uma água por uma oração”. Diferente dos ambulantes que chamavam clientes a todo instante, eles apenas seguravam os cartazes, sem abordar ninguém. O primeiro curioso a se aproximar iniciava a interação. E lá fomos nós, sem nos identificarmos como reportagem. Uma das integrantes do grupo sorriu e perguntou: “Você deseja uma oração?”. Respondemos que sim. Em seguida, ela perguntou se autorizamos o toque no corpo, mais especificamente nos ombros e no coração. Com a permissão concedida, iniciou uma oração breve, pedindo saúde e bênçãos para nossos caminhos e a família. Durou cerca de um minuto e terminou com um “Deus abençoe”, um abraço apertado e um sorriso. Ah, e a água gelada foi entregue antes mesmo da oração começar, claro. Querendo entender de onde surgiu a iniciativa, conversamos com Maikon Cantiere, de 35 anos, vendedor e líder do grupo. Ele explicou que a ação partiu da igreja Verbo da Vida e acontece há algum tempo. “A gente sempre tentou fazer esses movimentos de trazer Jesus, trazer oração. Não é para levar o nome da igreja, é só uma oração. Você vai curtir a festa? Beleza, a gente só quer orar por você e pela sua família. Sempre tem pessoas precisando disso, então a gente vem trazer esse pouquinho de vida. Aqui as pessoas ingerem muita bebida alcoólica e a gente traz água, porque água é vida, né? E a galera esquece de beber água”, conta Maikon. O grupo levou 180 garrafinhas de 500 ml para distribuir ao longo da noite. Logo no início da festa, já tinham feito oito orações. Muitos olhavam curiosos, tentando entender: “Será que eu li isso mesmo?” Até eu, como repórter, logo pensei: “O crente foi longe demais”. Mas ainda bem, porque bem naquele instante eu estava morrendo de sede, e a oração foi super tranquila. “Mas o legal, se você observar, é que as pessoas vêm até nós. A gente não aborda ninguém. Nosso objetivo não é obrigar ninguém a nada. Mas, quem quiser receber uma oração e tomar uma água, é só chegar que a gente vai estar aqui”, explica Maikon. Segundo ele, se alguém se sentir tocado e quiser conversar mais, conversa. Se não, pode simplesmente tomar sua água e seguir o baile. “Teve um rapaz que acabou de vir aqui. Ele nem é de Campo Grande, está passando alguns dias na cidade. Veio para comprar água e perguntou: ‘Vocês aceitam cartão?’. Eu disse: ‘Não, a gente está oferecendo a água em troca de uma oração. Você aceita?’. Ele respondeu: ‘Aceito, estou com muita dor na coluna’. Então oramos por ele e, no final, ele disse: ‘Nossa, eu nem ia vir, mas só de ter vindo já senti que foi Deus’”, conta Maikon. E finaliza: “Nosso objetivo é mostrar que, mesmo que você esteja aqui curtindo o Carnaval com outros propósitos, a gente quer lembrar que existe um Deus — e que Ele pode te alcançar em qualquer lugar”. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News .