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Carnaval de Corumbá atrai cariocas pelo samba, sossego e hospitalidade

A influência notória do carnaval do Rio de Janeiro no samba no pé que caracteriza Corumbá e Ladário como a mais alegre, divertida e organizada folia da região Centro-Oeste, começou com a chegada dos marinheiros para servir no distrito da Marinha, criado em 1873. Capital do Brasil, a Cidade Maravilhosa sempre foi, na realidade, espelho das famílias abastadas para formação dos filhos – existiam repúblicas dos corumbaenses em bairros como Ipanema. Assim, o carnaval evoluiu nas duas cidades, as maiores torcidas de futebol são do Flamengo e Vasco e, queira ou não, o corumbaense e o ladarense têm o Rio como uma referência marcante no falar, no estilo de vida e na paixão pelo samba, que há séculos passa de geração para geração, desde quando a única ligação era o Rio Paraguai. No carnaval, sobretudo, essa relação é muito forte, há semelhança no gingado, no desfile e na formatação das escolas de samba. No final dos anos 90, quando outros ritmos dominaram a folia pantaneira, em detrimento ao carnaval de rua mantido pelas agremiações sem apoio e muitas dificuldades financeiras, foi um maranhense cidadão carioca, Joãosinho Trinta, quem deu a palavra de ordem ao visitar Corumbá para uma oficina destinada aos carnavalescos locais: “não deixem o axé acabar com o carnaval de vocês”. Foi um divisor de águas. De lá para cá, o carnaval corumbaense chegou ao topo. A chegada dos cariocas A retomada veio em várias direções: apoio do governo do Estado e das prefeituras, reestruturação das escolas de samba, a volta dos desfiles na Avenida General Rondon e a reaproximação com o Rio de Janeiro, de onde vieram renomados profissionais para capacitar os carnavalescos, músicos, compositores e interpretes. Nomes como Ito Melodia (4 Estandartes de Ouro), Laíla e Valber Frutuoso (mestres em harmonia) e Vander Timbalada (cantor). Para Zezinho Martinez, 59, ex-presidente da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá), os cariocas tem dado uma grande contribuição para o carnaval corumbaense chegar ao atual estágio de profissionalismo e maturidade de hoje, porém defende que Corumbá precisa acompanhar o Rio em outros formatos, tornar o carnaval um espetáculo também fora da avenida. “Precisamos evoluir, atrair as novas gerações, a renovação tem sido lenta”, cobra. O atual presidente da Liesco, Victor Raphael, é carioca, nasceu no carnaval (sua mãe foi destaque da Mangueira), mas veio para Corumbá, onde mora por 24 anos, por outra razão. “Já levamos nossos carnavalescos ao Rio para oficinas nas escolas de samba, para adquirirem novos conhecimentos, tem sido fundamental essa parceria, estamos aprendendo muito, para crescermos dentro e fora da avenida. Tanto o nosso carnaval como do Rio só tem a ganhar”, disse. Fugindo da pressão A migração carioca com o intercâmbio gerou outro fenômeno: a permanência de alguns sambistas na cidade, movidos pela reciprocidade do samba, a alegria e hospitalidade do corumbaense e o sossego do lugar, diferentemente da vida atribulada que levavam no Rio. Um dos primeiros a fixar residência, em 2013, foi o interprete Antônio Carlos Domingos da Silva, o Braguinha, que morava na Baixada Fluminense. Veio, gostou, constituiu família e não quer mais voltar. “A gente vivia sob pressão, aqui encontrei paz e campo para meu trabalho”, diz Braguinha, 61, com passagem pelas escolas de samba Mocidade de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Inocentes de Belford Roxo, Estácio de Sá, Grande Rio e Imperatriz Leopoldinense, onde foi bicampeão em 1994/95 e ganhou Estandarte de Ouro como revelação. “Estou felicíssimo em Corumbá, ao lado da mulher (corumbaense) que amo. O carnaval daqui evoluiu muito”, conta. O sambista é o interprete principal da Escola de Samba Mocidade da Nova Corumbá, onde outro carioca é destaque:  o instrumentista Alexandre Passos Miranda, o Xandão do Cavaco, 47 anos, de Nova Iguaçu, com passagem por várias escolas no Rio, como a Estácio de Sá. Em 2011, integrou a bateria da Império do Morro e quatro anos depois decidiu morar em Corumbá, onde casou e tem duas filhas. “A cidade me acolheu, ganhei nome, conquistei meu espaço”, cita. Sobrinho-neto dos fundadores das escolas Vila Isabel e Salgueiro, Anderson Bala, 49, é outro carioca que se encantou por Corumbá e desde 2012 se apresenta no carnaval, passando pelas escolas A Pesada e Estação Primeira do Pantanal, como cantor e compositor. Nascido no bairro Abolição, ainda não decidiu mudar de cidade, mas confessa: “A receptividade aqui é maravilhosa, ultimamente tenho ficado mais tempo. Mas gosto da agitação (do Rio)”.

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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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