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Axé resiste em Campo Grande e até comércio comprova alta demanda

A esquina da Travessa José Bacha com a Rua Sete de Setembro, em frente ao Mercadão Municipal, é a prova cabal de que sim, existe muita gente de axé em Campo Grande! No cruzamento movimentado, bem no Centro da cidade, três lojas compartilham a alta demanda de clientes que têm fé nas religiões de matriz africana. Embora Campo Grande seja historicamente influenciada por correntes cristãs, com políticos e personalidades públicas ligadas a igrejas evangélicas e católicas, a Capital é plural na fé. Você pode até não perceber, mas, no dia a dia da cidade, velas ardem, orixás são chamados e tambores batem, anunciando a presença do divino, mesmo que não haja grande publicidade para isso. Apesar do tempo, do preconceito e dos olhares tortos, a fé de matriz africana resiste na cidade — não apenas na devoção individual de cada um, mas também no espaço público. Há 15 anos, Lígia Freitas frequenta a Umbanda e segundo ela, anos atrás a realidade era mais difícil e os terreiros se escondiam. “Tudo era  mais escondido. As pessoas praticavam sua fé, mas sem muita exposição. Agora, vejo mais gente abrindo suas casas, mais terreiros surgindo, mais espaços sendo tomados sem medo”, afirma. O crescimento também se reflete na demanda por itens religiosos. Em uma das lojas da ‘esquina do axé’, desde 1984 o entra e sai de pessoas reforça o tamanho da comunidade. A loja se estende por todo um quarteirão  e o número de clientes é tão grande que faltou tempo até para entrevista ao Lado B.    Geraldo Siqueira, de 47 anos, é sócio da loja e testemunhou essa transformação de perto. “Quando meu pai abriu o negócio, há 41 anos, ele nem imaginava no que ia se tornar. Na época, ele tinha uma mercearia que não deu certo. Foi meu avô, que era espírita, quem sugeriu a ideia da loja de artigos religiosos”, conta. A princípio, o pai de Geraldo ficou receoso. Era um ramo pouco explorado e havia dúvidas se funcionaria. Mas o tempo mostrou que sim, havia espaço. E hoje, quatro décadas depois, a loja continua aberta e evoluiu. Ao longo dos anos, o espaço pequeno se transformou em um labirinto de setores com quase 11 mil produtos, desde velas e imagens de santos até roupas ritualísticas, acessórios, vasos de barro e peças de decoração. Não é mais preciso recorrer a outras cidades para achar materiais para as oferendas. Tudo se encontra por aqui, em Campo Grande. Se para uns uma imagem de exu ou a os agrados oferecidos a pomba gira representam repulsa, na loja religiosa são itens sagrados de quem exige respeito e já não admite zombaria. “A Umbanda e o Candomblé têm uma presença muito forte, mas atendemos também budistas, Wiccanos e kardecistas, por exemplo. De uns alguns anos para cá, as pessoas da religião estão dando a cara, falando, exigindo e mostrando a verdadeira força e energia da religião.  Campo Grande não fica atrás, temos acompanhado essa evolução”, detalha. O preconceito ainda existe, mas a fé resiste – Mesmo com o crescimento da espiritualidade afro-brasileira em Campo Grande, o preconceito ainda é uma realidade. Renato Peixoto, que foi criado no catolicismo e hoje é umbandista, sente isso na pele. “Quando amigos de infância descobriram que eu seguia a Umbanda, muitos simplesmente pararam de falar comigo”, conta. Para ele, a rejeição acontece por desconhecimento. “O medo do que não se conhece impede as pessoas de enxergarem a verdade. Muita gente tem uma visão deturpada das religiões de matriz africana sem nunca ter pisado em um terreiro”, reflete.  Apesar disso, Renato percebe que a aceitação tem aumentado. “As religiões de matriz africana são acolhedoras. Quem chega recebe ajuda, orientação. No terreiro, ninguém é julgado pela cor, classe social ou orientação sexual. Isso faz muita gente encontrar na Umbanda e no Candomblé um refúgio espiritual.” A nova geração e a espiritualidade –  Mas se há algo tem ajudado a mudar a realidade de preconceito é a forma como os jovens se relacionam com a espiritualidade. Nathalia Siqueira, de 30 anos, cresceu em meio a esse universo e percebe que a busca pelo sagrado acontece de um jeito diferente hoje em dia. “A nova geração não quer rótulos. Eles não querem necessariamente se declarar umbandistas ou candomblecistas, mas buscam conexão espiritual. Compram incensos, acendem velas, fazem rituais de maneira livre, sem seguir um único caminho fechado”, observa. Essa curiosidade tem aproximado muitas pessoas da fé afro-brasileira sem que elas se deem conta. “Antes, a gente via muita resistência. Hoje, as pessoas querem saber mais. Têm dúvidas, fazem perguntas, tentam entender. Isso mostra que estamos avançando”, completa Nathalia. Acompanhe o  Lado B  no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e  Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp  (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News . 

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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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