Demanda que só cresce e virou problema para a Prefeitura de Campo Grande resolver este ano, a consulta com psiquiatra na rede pública de Campo Grande tem fila de espera com mais de cinco mil pacientes, segundo dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) informados no mês passado. O MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) pressiona na Justiça para que o problema seja resolvido com plano para atender pacientes no prazo de 100 dias, e conseguiu decisão favorável para obrigar a prefeitura a fazer isso sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Hoje (5), o órgão tornou oficial um processo interno aberto para acompanhar a solução. Em entrevista dada ao Campo Grande News na semana passada, a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, afirmou que a Sesau prepara uma ação para atender crianças e adultos que esperam pela primeira consulta com psiquiatra e em outras especialidades. “Nós teremos várias ações ao longo do ano. O primeiro é a psiquiatria, a fisioterapia já aconteceu, a angiologia teremos, e vai ter outras especialidades”, disse. A secretária não adiantou em quais datas e locais os pacientes dos psiquiatras começarão a ser atendidos. A Sesau apresentou o plano à Justiça e atualizou o tamanho da fila em 21 de janeiro. São 4.104 pacientes adultos e 1.065 crianças esperando por consulta. Medidas – A pasta se comprometeu a fazer de imediato uma “higienização” da lista de espera, chamando para uma consulta de avaliação todos os pacientes. A ideia é limpar a lista, excluindo aqueles que devem ser atendidos por outros especialistas ou que mudaram de cidade, por exemplo. Depois, eles farão a primeira consulta com psiquiatra no Caps (Centro de Assistência Psicossocial) mais próximo de casa. A médio prazo, a Sesau pretende reinstalar Caps II no município para melhorar a ampliar o atendimento na psiquiatria. Esse tipo de unidade oferece atendimento diário com equipe de psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapeutas ocupacionais e outros profissionais. “É mais humanizado e completo” em comparação ao modelo de Caps que está em funcionamento hoje na Capital, segundo a Sesau. A longo prazo, a prefeitura espera contar com psiquiatras para atendimento ambulatorial no futuro Hospital Municipal de Campo Grande. O prédio ainda não existe, mas é objeto de licitação que está em andamento. Ele deve ser entregue dois anos após o início da obra. Mais sugestões – Em reunião realizada ontem (4), o Conselho Municipal de Saúde discutiu medidas adicionais às do plano e as escreveu num documento enviado à Sesau. Uma delas é fazer a primeira consulta por telemedicina, com um psiquiatra atendendo remotamente. Outra, é contratar mais médicos para atenderem em unidades básicas de saúde, sejam eles psiquiatras ou médicos de outras áreas especializados em saúde mental. Por último, o conselho sugeriu que seja feito um mutirão de atendimento. A pasta tem 30 dias para avaliar as propostas e responder ao conselho se vai adotar ou não. Só cresce – O número de pacientes à espera saltou de cerca de 3,5 mil para 5 mil em aproximadamente seis meses, também de acordo com dados apresentados pela Sesau. O primeiro diz respeito a julho e agosto do ano passado, o segundo é o mais recente. O aumento foi de 42% no intervalo. Coordenador adjunto do Conselho Municipal de Saúde e psicólogo da rede pública, Paulo de Carvalho avalia que a tendência é a fila para atendimento psiquiátrico continuar grande, mesmo que o plano tenha efeito. A alta demanda é realidade desde a pandemia de covid-19. No primeiro ano da emergência global, a casos de ansiedade e depressão aumentaram cerca 25% no mundo, de acordo com estimativa da OMS (Organização Mundial da Saúde). Para Paulo, a prefeitura poderia ter evitado a fila chegar aos atuais 5 mil pacientes. “Se acontece desde 2019, já poderia ter se preparado. Existem medidas preventivas e o conselho poderia ajudar nisso”, afirmou. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .