Sentada em uma cadeira sob uma árvore, na calçada de casa, com suas sacolas repletas de linhas, agulhas e panos, a aposentada Evanir Soares, de 74 anos, passa horas e horas dedicada a bordar panos de prato e fazer crochê. A atividade manual foi o que “salvou” aposentada após sofrer três AVCs (Acidente Vascular Cerebral), ser desenganada pelos médicos e passar um período sem conseguir falar nem andar. A filha da aposentada, a dona de casa Neide Soares, de 56 anos, conta que, quando recebeu Evanir em sua casa, foi alertada de que sua mãe havia sido diagnosticada com pressão alta, epilepsia e demência. A decisão de assumir a responsabilidade pela mãe foi motivada pelo fato de que, como os médicos haviam atestado que a idosa tinha pouco tempo de vida, o restante da família já se preparava para o pior, enquanto Neide acreditava na recuperação de sua mãe. Evanir chegou à casa da filha, no bairro Nova Lima, sem aguentar o peso do próprio corpo em pé, não andava nem falava. O último AVC que sofreu foi no final de 2024, e Neide conta que encontrou a mãe tremendo no banheiro, até que ela “apagou” em seus braços. A dona de casa chamou a ambulância, e ambas foram encaminhadas ao hospital, onde Neide passou o Natal e o Ano Novo ao lado da mãe, enquanto ela se recuperava e fazia os exames solicitados pela equipe médica. Quando a mãe chegou aqui, deixaram ela aqui com os remédios e um chinelo no pé. Eles entregaram a minha mãe aqui sem andar, sem falar, não conseguia se sentar, ela estava desenganada. Mas eu eu falei ‘mãe, a senhora vai andar, a senhora vai falar’. Eu sou uma pessoa de muita fé, já cuidei de muita gente, e eu creio que tem que ter muita fé e muito amor, a fé e o amor cura tudo, expressa Neide. Aos poucos, Neide foi estimulando a mãe a caminhar e a recuperar a autonomia. Uma das formas de fazer isso foi devolvendo a ela as linhas, agulhas e panos, para que pudesse voltar a fazer crochê, atividade que a idosa começou a praticar após se aposentar, mas que havia abandonado depois de adoecer. Ao se reconectar com o trabalho manual, Evanir passou a ganhar mais autoestima e a se sentir útil, além de ocupar a mente de forma produtiva. Apesar de ter problemas cognitivos e precisar de um aparelho de audição, atualmente consegue se comunicar através da fala e já consegue ficar de pé e dar alguns passos, com a ajuda da dona de casa e de Aline, filha de Neide e neta de Evanir. “Eu sempre falo: ‘Mãe, eu não quero a senhora andando, eu quero a senhora correndo’, porque eu não gosto de ficar presa, eu gosto de sair e quero que ela saia comigo”, expressa Neide, sobre a vontade de ver a mãe se tornar ativa novamente. Evanir conta, emocionada, que seu único desejo atualmente é ter uma máquina de costura para fazer pequenos consertos em roupas, além de costurar e bordar seus panos. No entanto, a família já precisa se preocupar com os cuidados médicos, remédios e alimentação da idosa e não possui condições de atender a esse pedido. “Eu sinto que, se eu conseguir essa máquina de costura para minha mãe, vai transformar a vida dela. Ela vai ter mais autoestima e também vai ajudar a esquecer os tempos em que sofreu”, completa a filha. Quem puder e quiser ajudar a família pode entrar em contato com Neide pelo telefone (67) 99222-0659. Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial , Facebook e Twitter . Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui) . Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .