O Brasil acaba de celebrar uma descoberta científica importante para a herpetologia: uma nova espécie de cobra-papagaio, batizada como Leptophis mystacinus. A descoberta foi realizada por pesquisadores do Mapinguari – Laboratório de Biogeografia e História Natural de Anfíbios e Répteis do Instituto de Biociências (Inbio) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), e reforça a rica biodiversidade do Cerrado Brasileiro, um dos biomas mais ameaçados do país. A nova espécie de serpente se distingue das demais do grupo Leptophis pela sua coloração vibrante e características físicas únicas. Segundo o professor Diego Santana, coordenador do Mapinguari e responsável pela pesquisa, a Leptophis mystacinus apresenta “duas faixas verdes dorsolaterais, separadas por uma linha vertebral amarelada”, uma combinação de cores que a torna facilmente identificável. A característica mais marcante, no entanto, é uma faixa preta que se estende de um olho ao outro, lembrando um “bigode”, e foi essa peculiaridade que inspirou o nome da espécie. Além da coloração, a morfologia também se mostrou distinta, especialmente na estrutura do hemipênis, o órgão copulador dos machos, que possui detalhes exclusivos nesta espécie. A descoberta teve início a partir das investigações realizadas pelo professor Nelson Rufino, especialista no grupo Leptophis. “Em 2023, durante uma conversa com o professor Nelson, ele mencionou um exemplar peculiar que havia encontrado no Cerrado enquanto estava desenvolvendo sua tese nos Estados Unidos. A partir disso, decidimos investigar mais a fundo e, por meio de análises genéticas, confirmamos que se tratava de uma espécie inédita”, relatou Santana. O estudo da Leptophis mystacinus não só destaca a importância do Cerrado como habitat para novas descobertas científicas, mas também chama a atenção para a necessidade urgente de conservação desse bioma, que enfrenta ameaças crescentes devido à degradação ambiental. O Mapinguari, que desde 2014 é coordenado pelo professor Diego Santana, tem se consolidado como um importante centro de pesquisa na área de Herpetologia, com foco na sistemática, biogeografia e ecologia de anfíbios e répteis. O laboratório reúne um grupo multidisciplinar de pesquisadores de diferentes regiões do Brasil, e é responsável por várias contribuições à ciência sobre a fauna brasileira. A descoberta da Leptophis mystacinus também revela o contínuo avanço da ciência em Mato Grosso do Sul, especialmente no campo da herpetologia. A nova espécie é mais uma prova de que, mesmo diante de ameaças ambientais, o Cerrado segue sendo um berço de riqueza biológica e um campo fértil para futuras descobertas. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .