Falta de vaga em hospitais é o principal gargalo da saúde de Campo Grande hoje. A expectativa é que o Hospital Municipal da Capital ajude a reverter isso, mas ele nem começou a ser construído ainda. Secretária municipal de Saúde, Rosana Leite, falou sobre o assunto em entrevista nesta quinta-feira (30). Ela afirmou que a saída tem sido transformar UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde) em mini-hospitais. “Pela lei, o paciente pode ficar 24 horas em uma UPA e depois precisa ir para o hospital. Mas nossos pacientes ficam mais, porque não tem leito e a gente não vai mandar a pessoa embora”, diz. A pasta está gastando mais com a compra de medicamentos e a contratação de médicos plantonistas especialistas em infectologia, neurologia e cardiologia, por exemplo, para ir até os locais avaliar os casos. A ideia do mini-hospital é essa. “Hoje nós temos medicações que antes não tinha, como antibióticos para tratar uma pneumonia, por exemplo. A enfermagem a gente aumentou, além dos médicos, o que não era obrigação do município. Temos equipes que chamamos de móveis e vão ‘passando visita’ nas UPAs e CRSs para avaliação”, detalha. 30% de alta – Apesar de cara e de parecer um improviso, Rosana defende que a estratégia é eficiente. Ela permite que suspeitas sejam descartadas e casos menos graves sejam tratados sem que o paciente tenha que ser levado até um hospital. O resultado é que 30% dos que permanecem nas UPAs e CRSs conseguem alta e vão para casa, sem precisar da internação hospitalar. O dado é da Secretaria Municipal de Saúde e foi apresentado à Câmara Municipal, segundo a secretária. Atualmente, o formato de mini-hospitais oferece 223 camas hospitalares em Campo Grande para suprir a demanda. Pedidos não atendidos – Só que a medida é insuficiente, principalmente em épocas de doenças sazonais. As unidades ficam superlotadas e pacientes acabam esperando dias até um leito ser liberado, como já mostraram diversas matérias do Campo Grande News . A secretária garante ter consultado hospitais que têm contrato com o Município sobre a possibilidade de aumento no número de leitos disponíveis para pacientes da rede pública. “Nós temos todos os ofícios. Teve um que respondeu para nós que não, já o Estado (que administra o Hospital Regional) disse que sim”, conta. Hospitais que fazem parte da rede pública da Capital são a Santa Casa, o Hospital São Julião, o Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, o Hospital Adventista do Pênfigo e o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul. Entre eles, há os que fazem atendimento misto entre SUS (Sistema Único de Saúde) e rede privada, e já declararam que a falta de leitos atinge tanto o público quanto o particular. Rosana acrescenta que mudanças relacionadas a duas dessas instituições acabaram impactando ainda mais na falta de leitos: uma é o Hospital Universitário não oferecer mais vagas além de sua capacidade no pronto atendimento médico, e a outra é a entrada de pacientes no Hospital Regional não ser mais regulada pela secretaria municipal desde que voltou às mãos do Estado. Este ano, o Governo de Mato Grosso do Sul anunciou a construção de uma nova torre para o Hospital Regional de Mato Grosso do Sul com o dobro de leitos da estrutura atual. É mais uma ajuda para o desafogamento, porém, é outra que está no futuro. Em que pé está o Municipal – A intenção de construir o Hospital Municipal de Campo Grande foi anunciada no ano passado, com o peso de ele ser o primeiro complexo próprio da prefeitura para atender a cidade, próxima de somar 1 milhão de habitantes, de acordo com a última estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo Rosana, a licitação para contratar a empresa que irá construí-lo na modalidade BTS (Built To Suit) foi lançada e está na fase de consultas. Pelo menos duas interessadas questionaram a prefeitura sobre detalhes do projeto. O certame segue em andamento, ainda sem vencedor. A prefeitura pleiteia empréstimo de R$ 268,6 milhões para dar garantia de pagamento à empresa que apresentar a melhor proposta. O investimento previsto na construção é de R$ 210 milhões. O mobiliário e os equipamentos vão custar aproximadamente R$ 80 milhões. A manutenção de elevadores, jardim, ar condicionado, segurança, dedetização e outros serviços vão gerar um gasto aproximado de R$ 20 milhões ao ano e ficarão a cargo da empresa que construir o prédio. Quando assinar o contrato, a vencedora terá o prazo de dois anos para entregar o hospital pronto. A instituição ficará localizada no Bairro Chácara Cachoeira e a estrutura terá aproximadamente 15 mil metros quadrados de área. Conforme a prefeitura, a capacidade de atendimento será de 20 mil procedimentos por mês, entre consultas, exames e cirurgias. O empreendimento vai ampliar em 259 o número de leitos na Capital. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .