Barbearia tem relíquia do avô e fliperama que faz marmanjo pirar

Entrar na barbearia do Andrey Corrêa Barbosa, no Bairro Maria Aparecida Pedrossian, vai muito além de dar um trato no cabelo e barba, é um salto para os tempos onde brincar era a única preocupação. Com uma mistura de nostalgia e diversão, a decoração do ambiente é uma atração à parte,  com painéis de personagens de desenhos clássicos, máscaras, coleção de bonecos e até uma máquina de fliperama que faz muito marmanjo pirar.  Nostálgico na decoração da barbearia, Andrey também mantém por perto relíquias que o transportam para junto de suas origens. Em um quadro pendurado na parede, uma reportagem do avô, seu Feliciano, cabeleireiro por mais de 60 anos e a grande inspiração da carreira profissional. Em uma das gavetas do salão,  ele também mantém a primeira máquina manual usada pelo avô, uma relíquia com décadas de história.  Há 10 anos, o barbeiro transformou o estabelecimento na Rua Orlando Daros em um universo geek e acolhedor, onde cada canto conta uma história. Antes de se tornar barbeiro, Andrey trabalhou em um call center e estudou Publicidade e Propaganda. Mas a rotina no atendimento telefônico nunca o satisfez. Foi então que a memória do avô começou a falar mais alto. “Meu avô vestia terno e gravata para atender. Ele dizia que passar confiança era essencial. Ele foi mecânico de Fórmula 1, paraquedista do Exército, mas sempre falava que a melhor coisa que fez na vida foi ser barbeiro. E eu comecei a me interessar por isso”, conta Andrey. A influência do avô foi tão forte que, aos 17 anos, ele já recebia aulas improvisadas. “Ele me mostrava como segurar a tesoura, como usar a máquina. Me deu livros, CDs e até fita cassete para eu aprender. Quando vi, já estava envolvido”, lembra. A primeira barbearia foi no Bairro Santo Amaro. O começo foi inseguro. “Você sai de um emprego com carteira assinada, 13º, para algo incerto. Mas eu percebi que podia criar um ambiente diferente, que não fosse apenas sobre cabelo e barba, mas sobre experiências e boas lembranças”, afirma. Foi desse conceito que nasceu a Barbearia Rogers. Andrey queria um diferencial e apostou na nostalgia. “Música, cheiro, imagens… Tudo pode trazer boas memórias. Quando você coloca um super-herói na decoração, um fliperama, uma trilha sonora de infância, as pessoas se conectam com um tempo que não volta mais”, explica. No espaço, há itens de coleção, personagens de Dragon Ball Z, Sonic, Naruto, One Piece, além de carros em miniatura, violão pendurado e uma máquina de fliperama que faz sucesso com crianças e adultos. “Os pais vêm cortar o cabelo e acabam ensinando os filhos a jogar. Outros clientes veem algo aqui e trazem presentes. Tem um relógio feito a lápis por um cliente, um porta-violão que era de outro. As pessoas querem fazer parte desse universo”, conta. Mesmo com o crescimento das barbearias sofisticadas, Andrey manteve o estilo simples e acolhedor. “Muita gente sente falta do que já passou. E tem coisas que o dinheiro não compra, como o tempo bom da nossa infância”, reflete. Fã de cultura pop, Andrey tem a paixão pelos desenhos eternizada na pele em uma tatuagem da raposa de nove caudas do anime Naruto. “Ela era odiada no começo, mas o Naruto ensinou ela a devolver ódio com amor. Isso é uma filosofia para a vida”, diz. Além de atender o público geek e alternativo, a barbearia também se destaca pelo acolhimento de crianças autistas. “Temos máquinas silenciosas, desenhos na TV, joguinhos. O ambiente colorido ajuda a distraí-las e torná-las mais confortáveis. Muitas chegam com medo, mas depois choram para não ir embora”, conta. Com uma década de funcionamento no mesmo endereço, o lugar conquistou clientes fiéis, alguns até de fora da cidade. “Tem gente que vem de Três Lagoas e até de São Paulo para cortar o cabelo aqui”, completa Andrey. Siga o Lado B  no  WhatsApp , um canal para quebrar a rotina do jornalismo de MS! Clique aqui para acessar o canal do Lado B e siga nossas redes sociais .