Gritos e até um mata-leão, a situação de atendimento no CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) Vila Margarida, em Campo Grande, foi denunciada por Pedro Henrique Ferrari, de 19 anos, que relatou dificuldades e maus-tratos durante sua visita à unidade nesta sexta-feira (14). O caso chegou pelo canal Direto das Ruas . Em depoimento ao Campo Grande News , o jovem descreveu o atendimento que recebeu como insensível e desumano, agravando ainda mais seu quadro de vulnerabilidade emocional. Segundo Pedro, ao chegar à unidade por volta das 10h, foi surpreendido pela recepcionista que se recusou a fazer sua ficha de atendimento. “Eu precisava ser atendido, não estava bem, mas ela me mandava ir embora, dizendo que parecia que eu só estava lá para conseguir um atestado”, explicou Pedro. A funcionária sugeriu que ele retornasse apenas no dia 28 de março, quando estava agendada uma consulta, sem considerar a situação de saúde do paciente. A recusa do atendimento inicial deixou Pedro angustiado, mas ele decidiu permanecer na unidade. Por volta do meio-dia, Pedro ouviu gritos vindo do fundo da unidade e se deparou com uma situação ainda mais alarmante: um paciente estava sendo imobilizado de forma violenta por um funcionário. “O rapaz da recepção, que ia assumir o plantão, deu um mata-leão no paciente, que estava desacordado. A acompanhante dele gritava para pararem e dizia que não podiam ter feito aquilo”, contou Pedro. No momento em que Pedro começou a gravar o vídeo do episódio, a situação parecia ter mudado, e o atendimento a ele foi finalmente iniciado. O paciente agredido foi colocado em uma cadeira de rodas, e uma servidora explicou que a contenção foi necessária porque o paciente precisaria ser “controlado”. Contudo, Pedro não soube o que aconteceu com o paciente após a violência. O jovem, que tentava retomar o tratamento no CAPs Vila Margarida, afirmou que essa não é a primeira vez que passa por dificuldades no atendimento, especialmente na recepção. “Sempre que vou até lá, sou tratado com desdém e falta de atenção. Fui embora apenas após as 17h, depois de muita insistência e lágrimas. Fui lá para falar o que estava sentindo, e fui tratada como se não fosse nada”, desabafou Pedro. Em choque com o tratamento recebido, Pedro decidiu denunciar o caso à imprensa e se prepara para fazer um vídeo sobre o ocorrido, que será compartilhado nas redes sociais. “Foi ridículo. Eu estava mal e, em vez de me ajudarem, me fizeram sentir ainda pior. Estou assustado até agora. E se alguma coisa acontecesse comigo até dia 28?”, afirmou. O Campo Grande News encaminhou pedido de posicionamento da Prefeitura sobre o ocorrido. Em nota, a Sesau esclarece que o incidente envolveu dois pacientes internados na unidade. “Ambos se conheceram no local e solicitaram permissão para dividir o mesmo quarto, porém, seguindo normas e protocolos institucionais que garantem a segurança dos pacientes em internação, o pedido foi negado. Diante da negativa, a paciente de 48 anos se exaltou, sendo necessária a intervenção da equipe para contê-la e acalmá-la”. Ainda na nota, a secretaria diz que, durante a ação, o paciente de 25 anos também demonstrou agitação, exigindo a atenção da equipe. “Em todo momento, os profissionais atuaram conforme os protocolos de segurança e cuidado, garantindo a integridade de todos os envolvidos. Os pacientes seguem internados na unidade. A Sesau reforça seu compromisso com um atendimento seguro, humanizado e responsável para todos os pacientes em tratamento”. Em relação à informação de que um paciente teria sido recusado no CAPs, a pasta pontuou que nenhum usuário é impedido de receber atendimento médico, principalmente, em situação de crise. “No entanto, ressalta que é necessário esclarecer que a unidade segue fluxos preestabelecidos, que incluem avaliação da equipe técnica para definir a melhor abordagem para cada caso. A Sesau pontua que o Centro de Atenção Psicossocial presta atendimento a todos os pacientes que procuram a unidade, seguindo os protocolos estabelecidos para realizar acolhimento e decidir o melhor tratamento. E informa que embora o paciente tenha descontinuado o tratamento, ao procurar a unidade foi acolhido e atendido pela equipe multiprofissional do CAPs”, finaliza. [ * ] Matéria alterada às 22h10 para acréscimo de conteúdo. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .