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Professora trans pede afastamento da escola após ataques nas redes

Emy Mateus, de 25 anos, tentou fugir da sina de dar aula, mas o desejo de criar uma nova possibilidade e derrubar preconceitos falaram mais alto. Formada em Artes Cênicas, ela tem um ano de experiência em sala de aula. Experiência que foi questionada no início deste mês após entrar na mira de um vereador e um deputado estadual pelo fato de ser uma mulher trans.  Não bastou ter o trabalho questionado pelo vereador André Salineiro e o deputado João Henrique Catan, ambos do Partido Liberal. Ela também foi exposta em um story do deputado de Minas Gerais, Nikolas Ferreira (PL). Ele publicou o vídeo dela onde escreveu: “Porque é sempre pra crianças?” A partir disso, o vídeo dela fantasiada de Barbie sendo abraçada por crianças na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi, no Bairro Silvia Regina, ganhou alcance nacional escapado da bolha sul-mato-grossense.  Ontem saiu a matéria no Intercept, inclusive com o post do Nikolas Ferreira, e o quanto o posicionamento dele pode ceifar a gente de viver, no sentido de segurança”, diz. Emy pediu afastamento temporário à Semed após a repercussão do caso. Esse é um entre os vários reflexos que teve tanto na vida pessoal, quanto na pessoal. “Eu tenho tido acompanhamento psicológico, psiquiátrico, mas nos últimos dias não tem sido fácil, pedi afastamento da escola porque eu não estou tendo saúde”, desabafa. Nesta quarta-feira (26), ao  Campo Grande News, Emy relata que ficou reclusa em casa durante os dias, porém devido ao trabalho artístico escolheu retomar a vida para além da porta de casa.  “Os únicos lugares que estou indo é com minha rede, pessoas trans, minha família. Não tenho saído para muitos lugares e não tenho conseguido trabalhar, porque tenho um trabalho artístico Mas, tenho tentado não ficar só presa”, explica.  Ao mesmo tempo que sofreu ataques transfóbicos na internet, Emy recebeu acolhimento da escola onde leciona em Campo Grande. A maioria dessas interações, segundo ela, têm sido carinhosas, prestando solidariedade.  “Tenho recebido algumas devolutivas da escola, da comunidade, professores estão em meu apoio. Tem uma mãe e outro pai que estão irredutíveis, uma chegou a falar que não foi notificada de que teria uma professora trans”, comenta. Sobre ser alvo de transfobia, Emy conta que antes de começar a dar aula já imaginava que situações como a deste mês poderiam ocorrer. Ainda assim, veio a surpresa em ver o volume de discursos preconceituosos que leu ou ouviu.   Dessa proporção não, mas preconceito e transfobia já sabia por ser a única. Você não vê pessoas trans ocupando espaços educacionais”, declara. A arte educadora avalia que, quando direcionados para pessoas trans e travestis, esses discursos de ódio inflamam narrativas que não vão de encontro com a realidade.  “Esse tipo de posicionamentos preconceituosos deturpa a imagem de pessoas trans e travestis. Nos colocam no lugar de pessoas aproveitadoras, prejudicando diretamente meu trabalho. […] Hoje em dia a gente luta, a gente está em todos os lugares”, destaca.  Emy estava há duas semanas dando aula na Escola Municipal Irmã Irma Zorzi quando o vídeo em que está Barbie na abertura do ano letivo ganhou repercussão. Antes disso, ela teve 1 ano de experiência em outra escola pública. “Eu sai porque não estava tendo paz para dar aula por conta de preconceito de servidora, professora”, comenta. Ao expor o motivo que a levou a querer ser professora, ela confessa que por um tempo relutou contra a ideia. “Eu não queria ser professora, fugi, neguei isso por muito tempo, mas depois entendi a importância que seria ocupar esse espaço”, esclarece. Além de ver como essencial dar o exemplo para outras pessoas trans e travestis, a professora enfatiza que desempenha um trabalho digno onde consegue ensinar e derrubar preconceitos. “As crianças me amam. A escola tem sido um lugar muito inédito pra mim, inclusive me surpreendi porque parece que a gente foi distanciada desse amor das crianças por conta do preconceito dos adultos”, conclui. Embora esteja afastada temporariamente, a professora garantiu que retornará as salas de aula após o período de Carnaval. Isso se não for empedida.  Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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