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“É humilhante”: mulher denuncia transfobia durante atendimento médico

“É humilhante ser tratada dessa forma”, afirma Loren Preta Ribeiro, de 46 anos, mulher trans que denuncia ter sido vítima de transfobia nesta terça-feira (4). Os ataques ocorreram enquanto a professora de artesanato realizava exames em estabelecimento particular. Para a reportagem, Loren contou que passou o dia de ontem realizando uma bateria de exames na clínica CCOR & Celso Tabosa. Porém, as ofensas ocorreram no período da tarde, quando fazia uma ultrassom na perna. Segundo relatado, o médico que a atendeu começou a ofendê-la porque o RG de Loren tinha o seu nome social. Após o exame, o mesmo profissional recusou-se a entregar o resultado e conceder atestado de acompanhante para a irmã de Loren. Ele estava falando um monte de coisa, ofensas racistas e transfóbicas. Meu RG estava com o meu nome social e ele não se convenceu. Disse que um RG assim eu faria em qualquer esquina. Me acusou de falsidade ideológica o tempo todo”, contou. Cynthia Ribeiro, de 43 anos, chegou a acionar a Polícia Militar, mas quando a equipe chegou ao local o médico já havia ido embora. As duas foram até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e registraram boletim de ocorrência de injúria qualificada pela raça, cor, etnia ou origem. “Agora eu entendo a resistência da minha irmã de procurar um atendimento de saúde. Ela me disse, que toda vez que vai no SUS [Sistema Único de Saúde] é bem tratada, mas quando precisa recorreu ao particular, as pessoas a tratam mal”, Cynthia. Protesto – Nesta quarta-feira (5), Loren e Cynthia foram, acompanhadas de um grupo de pessoas com sexualidades variadas, manifestar sua indignação contra a transfobia sofrida. “Estamos reunidos aqui porque se aconteceu comigo, amanhã pode acontecer com uma outra pessoa trans ou travestis”, afirmou Loren. A psicóloga Ladielly de Souza, de 28 anos, relatou que foi até o local, pois a situação que ocorreu com Loren é algo que “atravessa a todos”. Ainda foi destacado pela mulher o que aconteceu pode ser caracterizado como crime de ódio.  Passar uma situação dessas, em um ambiente de saúde é algo que mexe com todo mundo. É uma falta de respeito e humanidade, é um crime de ódio. A gente sabe que não é a primeira e nem a última vez, nós temos que nos posicionar. Registrar isso para que gere constrangimento e meu desejo é que isso seja apurado criminalmente”, pontuou. Medidas a serem adotadas –  Entre os participantes do protesto estava a diretora da Associação das Travestis e Transexual de Mato Grosso do Sul, Mikaella Lima. A associação vai encaminhar a denúncia ao Conselho Regional de Medicina e ao Ministério Público do Estado. Mikaela ainda ofereceu para a clínica um curso de capacitação dos funcionários para atendimento ao público LGBTQIA+. “Mulheres trans só buscam atendimento quando estão morrendo. Ela veio por causa da perna e escutou um profissional falando da genitália, isso não é profissional”. O vereador Jean Ferreira (PT) também esteve no ato. Para o Campo Grande News ,   ele afirmou que esse é o segundo caso de transfobia que acompanha esta semana. A primeira situação ocorreu com outra mulher trans que buscou atendimento em uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Campo Grande, nesta segunda-feira (3), segundo o parlamentar. O caso não foi detalhado pelo vereador, mas teria envolvimento de guarda civil metropolitano que afirmou às vítimas que “se elas fossem mulheres de verdade” o atendimento seria diferente. Quando se trata de direito à saúde todos os profissionais devem conhecer. A OMS já declarou que a transexualidade não é um transtorno mental. Então é uma questão científica, sendo assim, se esses profissionais têm ética ou qualquer referência na academia, eles precisam entender a existência dessas pessoas”, afirma Ferreira. Jean prometeu preparar moção de repúdio contra ambos os casos que ocorreram nesta semana. “A gente vai lutar para que seja feita uma clínica de poli atendimento para o público LBGTQIA+ com profissionais qualificados para a atender a nossa população”, encerrou o vereador. O outro lado – A gerente da CCOR & Celso Tabosa realizou uma reunião com os manifestantes. Procurada pela reportagem, a clínica não quis conversar sobre o ocorrido no local. Por meio de nota, a empresa afirmou que repudia a ação do médico.  “Reafirmamos nosso compromisso com a promoção da igualdade, do respeito e da diversidade, princípios fundamentais para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva”, disse a clínica por meio da nota.  O documento ainda informa que a empresa “tomará as medidas cabíveis para que tal ato não ocorra posteriormente”. Porém, as medidas adotadas para com o médico não foram divulgadas. “Reforçamos que Grupo CCOR & Celso Tabosa não tolera e não tolerará qualquer ato discriminatório dentro de nossos espaços e em nossa sociedade como um todo. Comprometemo-nos a continuar promovendo ações que garantam um ambiente seguro e respeitoso para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, orientação sexual, cor da pele ou diversidade étnica”, diz outro trecho da nota. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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