Mães de crianças com deficiência protestaram nesta quarta-feira (5) no Plenário da Alems (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul) pedindo apoio dos deputados estaduais para garantir insumos, alimentação e medicamentos adequados para seus filhos. O ato ocorreu após a Defensoria Pública do Estado constatar a precariedade dos produtos fornecidos pela prefeitura de Campo Grande. Uma visita de fiscalização realizada em 15 de janeiro de 2025 na divisão de dispensação de insumos judicializados do CEM (Centro de Especialidades Médicas) revelou que o estoque de fraldas estava 14% abaixo do necessário para atender os processos judiciais em andamento. Além disso, a qualidade dos produtos foi duramente criticada. Segundo a Defensoria, algumas fraldas geriátricas da marca ‘Maxi Confort’ eram frágeis e pouco absorventes, comprometendo a higiene dos pacientes. Já as fraldas infantis da marca ‘Lippi Baby’ se desfaziam ao toque das mãos, revelando um material de péssima qualidade. “Viemos na Assembleia em outubro e acusaram de ser uma ação eleitoreira, então voltamos agora para mostrar que precisamos ainda desse apoio independente de política. A última vez que pagamos fralda correta foi em outubro do ano passado, justamente na época de eleição, depois disso sempre tá faltando. A prefeitura, quando tem, disponibiliza uma fralda de qualidade ruim, que deixa a criança assada e causa alergia. Estamos reivindicando a manutenção das entregas e qualidade dos produtos”, protestou Elizangela Silva de Souza, 42 anos, mãe de criança com deficiência. Mariana de Sousa Moreira, 38 anos, mãe de uma criança de 13 anos que vive acanmada, relatou que precisou improvisar fraldas com lençóis de cama devido à escassez e chegou a pedir dinheiro emprestado para comprar pomada para feridas causadas pelo material ruim das fraldas. “Durante os meses em que não recebemos cortei lençóis de cama para fazer fralda, quando chegou a nova fralda a qualidade estava muito ruim, inclusive minha filha está com assaduras e feridas por conta do uso, cheguei a pedir dinheiro emprestado para comprar pomadas. Ainda por cima não vem no tamanho correto, queria P e só tinha M, então usei essa, mas vaze e não tem qualidade”, lamentou a mãe. Diante da situação, o deputado Pedro Pedrossian Neto (PSD) apresentou um requerimento para criação de uma comissão temporária de representação para monitoramento e acompanhamento das demandas do Movimento de Mães Atípicas de Campo Grande. O parlamentar criticou o descaso das autoridades e reforçou a necessidade de intervenção do Estado para garantir os direitos das famílias afetadas. “São fraldas, leites, medicamentos, insumos. Diante do descumprimento de liminares, da tentativa de politização de quem deveria atender o pleito legítimo, quero fazer a reflexão que existem mães sul-mato-grossenses e que, portanto, se a Capital não conseguiu, que possamos encontrar o diálogo, de maneira dentro da lei, para que o Estado seja solidário. Quero que forme uma comissão, quero convidar parlamentares para criar essa interlocução, através da Secretaria de Assistência Social, ver de que maneira o SUS, no âmbito do Estado consegue fazer, para atender essas mães. Não podemos mais deixar acontecer esse descaso. Tenho certeza que ninguém para sua vida para erguer cartaz se não fosse algo justo”, ponderou. A deputada Gleice Jane (PT) usou a tribuna e destacou que cerca de 5 mil crianças dependem dos insumos fornecidos pela prefeitura, mas menos de 20% estão sendo atendidas. “Essas mães muitas vezes elas têm que parar de trabalhar para atender as crianças, então elas deixam de ter uma renda para poder atender as crianças, ficam na dependência do estado e a gente sabe das dificuldades que é também que as crianças atípicas acabam sendo uma responsabilidade para as mães, para as mulheres, então isso nos preocupa bastante e são muitas crianças, são muitas mulheres nessa situação. Precisamos pra gente tentar inclusive um diálogo com a própria prefeitura aqui no município pra ver, identificar o problema”, disse. A criação da comissão também recebeu apoio dos deputados Neno Razuk (PL), João Henrique Catan (PL), Lia Nogueira (PSDB) e Mara Caseiro (PSDB). O próximo passo será a tramitação do requerimento na Mesa Diretora da Alems para viabilizar a iniciativa.