Kingdom Come: Deliverance II é o jogo que chega com a promessa de ser a experiência medieval definitiva.
Você quer se sentir na pele de um plebeu ferrado em 1403? Quer aprender na marra que tomar banho não era uma prioridade na época e que comer pão mofado pode ser sua única opção de sobrevivência? Parabéns, Warhorse Studios está aqui para transformar esse sonho estranho em realidade.
Mas a real pergunta é: o jogo vale a pena ou é só mais um RPG histórico cheio de bugs e pretensão? É o que vamos descobrir.
A HISTÓRIA – AGORA VOCÊ É UM MEDIEVAL MAIS EXPERIENTE (MAS CONTINUA FERRADO)
Se você jogou o primeiro Kingdom Come, já sabe que o protagonista, Henry, era basicamente um Zé Ninguém que teve a vida arruinada quando sua vila foi queimada. Mas agora, em Kingdom Come II, ele já não é mais um mero aprendiz de ferreiro — ele subiu na vida… um pouco.
Agora ele trabalha para Sir Hans Capon, o nobre mais fanfarrão da Boêmia, e juntos eles partem em uma missão diplomática que, claro, dá tudo errado logo no começo. Se você achou que dessa vez Henry começaria bem equipado e com habilidades avançadas, sinto muito. O jogo arranja um jeito de te depenar logo no início, porque não seria Kingdom Come se você não começasse o jogo quebrando a cara e sem um tostão.
A história agora é ainda mais expansiva, com reviravoltas, conflitos políticos e interações com figuras históricas, o que dá um peso maior à narrativa. Se você queria um Skyrim medieval realista, esquece. Aqui a política medieval é mais bagunçada que qualquer eleição sul-americana moderna.
MUNDO ABERTO – AGORA COM MAIS CIDADE, MAIS DETALHES E MAIS JEITO DE TE ATRASAR A VIDA
Se no primeiro jogo já era fácil se perder nas florestas e vilarejos da Boêmia, agora a Warhorse resolveu dobrar a aposta. A nova cidade de Kuttenberg é um espetáculo à parte. Imagine uma Novigrad medieval cheia de mercados, becos suspeitos e nobres esnobes. É enorme, cheia de atividades e completamente viva.
Mas como tudo em Kingdom Come, nada vem fácil. Você quer andar livremente pela cidade? Então trate de se vestir decentemente, porque se aparecer de mendigo por aí, ninguém vai querer nem olhar na sua cara.
O jogo se recusa a te dar qualquer tipo de conveniência moderna. Não tem fast travel estilo Skyrim — ou você pega um cavalo, ou vai na pernada mesmo. E se decidir usar o modo de viagem rápida, saiba que pode ser assaltado no meio do caminho e perder tudo o que tem. Isso mesmo, aqui até a viagem rápida te odeia.
SISTEMA DE PROGRESSÃO – SE VIRA, MEU PARCEIRO
Se você esperava que Henry fosse um guerreiro incrível depois de tudo que passou no primeiro jogo… haha, coitado. O jogo dá um jeito de regredir suas habilidades no começo para que você tenha que aprender tudo de novo, na raça.
O sistema de progressão continua baseado no “aprenda fazendo”: quer ficar bom com a espada? Então erga a lâmina e pare de chorar. Quer convencer alguém no diálogo? Melhore sua fala ou pague um suborno, porque ninguém vai te levar a sério se você parecer um capiau sem cultura.
E agora temos o retorno das famosas mecânicas de sobrevivência: Henry precisa comer, dormir e até tomar banho, senão o jogo basicamente vira uma simulação de “Como Ser Desprezado na Idade Média”.
COMBATE – AGORA UM POUCO MENOS DIFÍCIL (MAS AINDA PUNITIVO)
Se no primeiro Kingdom Come o combate era um misto de simulação hardcore e frustração, aqui as coisas estão ligeiramente melhores. Mas não se engane, o jogo ainda quer te fazer sofrer.
Agora temos um sistema de combate mais refinado, com menos direções de ataque, o que torna o jogo um pouco mais acessível para quem não quer passar meia hora tentando acertar um golpe. Mas se você achar que vai sair enfrentando três inimigos ao mesmo tempo e vencendo como se fosse o Geralt, sinto muito, mas vai pro chão mais rápido do que um cavaleiro sem armadura.
As novas armas incluem bestas (finalmente!) e as primeiras armas de fogo da época. Sim, você pode dar tiros rudimentares, mas a precisão disso é tão boa quanto um arqueiro bêbado tentando acertar um alce correndo. Se der certo, ótimo. Se errar, reze para conseguir recarregar antes de ser empalado.
ATIVIDADES E MISSÕES SECUNDÁRIAS – DO HERÓI DA BOÊMIA AO PIOR MALANDRO DA HISTÓRIA
Aqui temos o brilho do jogo. As missões secundárias são ricas e variadas, e como no primeiro jogo, muitas delas têm consequências reais.
Você pode se meter em jogatinas de dados, participar de torneios, ajudar nobres em dilemas políticos ou simplesmente ser um péssimo ser humano e sair roubando tudo o que vê pela frente. Só não seja pego, porque o sistema de crimes agora é mais elaborado – se você cometer muitos delitos, pode acabar na forca. Sim, o jogo agora te pune com uma execução pública se você insistir em ser um criminoso teimoso.
GRÁFICOS E PERFORMANCE – O MILAGRE ACONTECEU: O JOGO RODA SEM TRAVAR!
Se tem uma coisa que surpreendeu foi o fato de “Kingdom Come II” não ter chegado completamente quebrado. O primeiro jogo era famoso pelos seus bugs e travamentos, mas dessa vez, milagrosamente, a Warhorse aprendeu com os erros.
O jogo roda muito bem no PC Master Race, com gráficos impressionantes e uma ambientação detalhada. Kuttenberg e os vilarejos ao redor são belíssimos, com um nível de imersão absurdo. E sim, testamos também nos consoles, no caso o Xbox, e foi bem tranquilo. Não vou fazer a propaganda do Master Racer agora pois o Kazin Mage vai acabar me mandando embora.
Mas claro, sempre tem um porém. A movimentação do Henry ainda parece meio duas toneladas de batata tentando escalar uma cerca, e alguns NPCs continuam te fechando portas na cara como se fossem do sindicato dos porteiros medievais.
Prós e Contras
Prós:
- Uma experiência medieval absurdamente imersiva
- Kuttenberg é uma das cidades mais vivas já feitas em um RPG
- Sistema de progressão e roleplay profundos
- História bem escrita, cheia de momentos inesperados
- Melhor otimização e menos bugs que o antecessor
Contras:
- Ritmo ainda punitivo para quem quer algo mais “direto ao ponto”
- Combate melhorado, mas ainda pode frustrar novatos
- Algumas mecânicas de realismo ainda vão irritar quem não quer lidar com fome, cansaço e banho obrigatório
- Alguns NPCs continuam burros como uma porta medieval
Nota Final: 9/10
UM JOGO PARA SOFRER, MAS UM SOFRIMENTO QUE VALE A PENA! “Kingdom Come: Deliverance II” é o simulador medieval definitivo. Se você quer um RPG onde precisa de habilidade para sobreviver e onde cada ação tem consequências reais, este é o seu jogo. Mas se você não tem paciência para mecânicas de realismo, pode ser que a experiência te desgaste. No final das contas, é um jogo que recompensa quem está disposto a mergulhar de cabeça na sua proposta. Ele continua sendo um jogo para um nicho específico, mas se você faz parte desse nicho, prepare-se para perder dezenas (ou centenas) de horas nesse mundo incrível. Agora, se me dão licença, vou ali tentar convencer um taberneiro a me vender cerveja fiado antes que Henry desmaie de fome no meio da praça.
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