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Na farra de ‘tudo é TDAH’, coisa séria vira justificativa para qualquer coisa

Seja no TikTok ou jogando no Google, encontrar os autotestes para ‘descobrir’ se a pessoa tem TDAH (Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade) é super fácil. Com isso, o suposto diagnóstico tem se tornado justificativa para tudo e algo sério acaba virando uma desculpa.  Mas, antes de demonizar os testes online, a médica especialista em psiquiatria, Silvana R. Konradt, diz que bons resultados também têm surgido a partir da popularização. A questão é reforçar que as escalas são só o início de um processo que precisa ser validado por profissionais adequados. E, é claro, responder às perguntas online não é sinônimo de poder sair justificando erros por aí.  Antes de entrar de fato no assunto, o TDAH, como o próprio nome indica, é um distúrbio neurobiológico que afeta a capacidade de concentração e a impulsividade. Esse é um resumo generalista, mas Silvana explica que diferentes características podem se apresentar dependendo de cada indivíduo.  Nas redes sociais e em conversas, o que mais aparece como sintoma do TDAH é a falta de atenção, principalmente vinculada ao ambiente escolar. E, nesse ambiente de informalidade, o transtorno tem se popularizado com a ampliação dos testes. Sendo que um deles, inclusive, foi formulado em parceria com a OMS (Organização Mundial da Saúde).  No início, eu tinha um pouco de aversão a soltarem as escalas e as pessoas irem dando check nas listas e se auto diagnosticando. Depois, percebemos que isso tem sido produtivo de certa forma porque muitos diagnósticos que nós não teríamos, acabam aparecendo”, comenta Silvana. De acordo com a médica, boa parte das pessoas que fazem o teste online procura profissionais para confirmar se o resultado é real, até porque os pacientes querem ajuda quando sofrem.  O que é necessário entender é que apenas dar ‘check’ na lista não basta, é necessário verificar uma série de outros fatores relacionados. “Os sintomas, por exemplo, precisam aparecer de modo exacerbado e causar prejuízo na sua vida, tanto social quanto econômico, familiar, academicamente porque as pessoas costumam relacionar só com a escola. Mas, na realidade, precisa ser em mais de duas áreas”.  Ainda sobre esse assunto, a médica detalha que os sintomas aparecem a partir dos 6 anos em alguns casos e dos 12 em outros. No momento do diagnóstico, é analisado se esses indicativos também não estão associados ao luto, algum transtorno, comorbidade ou violência.  “Então, preciso descartar porque tem pacientes, por exemplo, que chegam para mim achando que é TDAH e, na verdade, é transtorno de ansiedade. Mas voltando, as escalas, no final, podem contribuir, trazer as pessoas para realmente fazer a avaliação, buscar uma ajuda com médicos ou com neuropsicólogos, o profissional que faz os testes. E os testes podem vir para ajudar, mas não ao ponto de nos autodiagnosticarmos e ficar por isso, como uma forma de justificar nossos erros”.  Como conseguir o diagnóstico final? Com ou sem o teste online, quando há dúvidas sobre ter TDAH, o paciente pode procurar um neurologista, um profissional em psiquiatria e, para crianças, até o pediatra consegue iniciar esse processo. Mas, independente do médico, o importante é que o profissional seja qualificado para o diagnóstico.  No caso de Silvana, ela comenta que há uma série de estudos e formações que podem ser feitas. E, a partir dessa base, o diagnóstico vai sendo formado. Mas, caso haja dúvidas, um neuropsicólogo é acionado.  Esse profissional faz um teste chamado neuropsicodiagnóstico, nele são avaliados em várias etapas, entre 6 e 8 sessões, a atenção, concentração, velocidade de memória, processamento, execução, parte social, ansiedade. Então, esse teste também consegue separar o que é cada coisa e avaliar tempo de sintomas, é realizada uma conversa com os pais e avaliação na escola (quando o paciente não é adulto)”, descreve.  Isso serve tanto para crianças e adolescentes quanto para adultos, sendo que o teste pode ser aplicado de formas diferentes. Por exemplo, em casos de crianças, a escola é levada em conta, enquanto aos adultos, é necessário vasculhar o decorrer da vida.  Com o laudo em mãos, o médico faz a análise, descarta outros fatores e elabora o laudo final. Durante todo esse processo, são levados, em média, seis meses. A partir do momento em que o diagnóstico é feito, a vida pós-laudo começa. Vida após o laudo Certo, o diagnóstico veio, e agora? Segundo a especialista em psiquiatria, uma série de orientações e análises sobre o cotidiano de cada paciente começam a ser colocadas em prática.  Dependendo dos sintomas apresentados e dificuldades vividas, os pacientes podem receber receitas de medicamentos, indicação de profissionais como psicólogos, fonoaudiólogos para alguns casos e psicopedagogos para outros. Tudo dependendo da necessidade de cada um. Para crianças, por exemplo, o laudo é emitido com orientações para mudança nas avaliações escolares, indicações sobre o cotidiano nas aulas e formas para garantir que o aprendizado seja mais efetivo.  Aos adultos, desde estratégias para lidar com a falta de foco até métodos para organizar o cotidiano precisam ser pensados.  “Entender as nuances de cada ser humano faz completa diferença na vida, são estratégias que as pessoas desenvolvem para ter mais qualidade de vida, cada ser humano é diferente. Então, eu como médica preciso conciliar várias abordagens para entender”.  E, acompanhando os pacientes nesse processo de adequação, Silvana garante que a vida realmente muda.  Então, quem fica apenas nesse autodiagnóstico da internet, não consegue melhoras para a vida. Dou como exemplo que hoje, no Enem, a gente consegue uma hora a mais para quem tem TDAH. Mas o paciente precisa ter um laudo assinado por um médico solicitando. Só se autodenominar TDAH não vão trazer esses benefícios para a pessoa, talvez só justificar algum comportamento”, completa.  Profissionais se especializando Além de os pacientes entenderem sobre si mesmos, a médica explica sobre a importância de que mais profissionais se especializem. Isso serve tanto para a área médica quanto para professores, por exemplo, que irão lidar com alunos diagnosticados ou que apresentam sintomas e precisam de um encaminhamento.  Por isso, o tema será levado pela segunda vez para um encontro com conversas sobre TDAH neste fim de semana. O ‘2º Talk TDAH’ é promovido pelo Instituto Versar de Psicologia e Psiquiatria e está sob o comando de Silvana R. Konradt.  “É comum que muitos da área da saúde pensem que entendem o TDAH, mas ainda é preciso qualificar os profissionais. Temos uma defasagem muito grande nessa área, todo mundo acha que sabe, mas a verdade é que o transtorno apresenta várias nuances que podem até fazer com que ele seja confundido com outras patologias”, defende a médica.  Aos interessados, o encontro será no dia 1º de fevereiro, no Grand Park Hotel, mas é necessário entrar em contato pelo número (67) 98182-4293 para garantir a participação e verificar os valores. 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By Thiago Gabriel

Sou um editor de notícias especializado em eventos políticos, econômicos e de jogos online.

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